Já sei o que é uma branca.
Já muito tenho ouvido falar nela, já várias vezes disse que as tinha tido, mas nada como isto: meu povo, é inexplicavel! Mas eu explico...
Maio é mês de Nossa Senhora, dos trabalhadores, e dos... testes. Ontem foi dia de História do Direito. Andei desde o fim de semana a aproveitar as noites para ir estudando, a coisa estava bem, matéria sabida, sem grandes problemas. Tirei a tarde do dia do teste, juntei-me com colegas para clarificar ideias e, juro-vos, até dei espectáculo tão à vontade parecia estar.
21h00, preencho o cabeçalho da folha de teste, distribuição de enunciados, abro a gaveta do cérebro onde estava guardada a matéria que tão afincadamente vinha estudando e... não era uma branca: era um lençol de cama de casal! Branco!
Pensei em chamar a polícia e participar do roubo da minha matéria que ali estava, tinha a certeza, meia hora antes. E até tinha testemunhas.
Tentei não entrar em pânico e pensar se a teria posto por engano noutro lado. Até pedi ao professor para me deixar sair por uns minutos, para ir tomar ar e beber uma garrafa de água, não fosse tê-la deixado cair no bar ou no caminho para a sala. Mas não: fui e voltei, e o raio da matéria não apareceu.
Agarrei na folha de teste e, inspirado, escrevi: "DESISTO".
Já há muito cá fora, alguém me sugeriu: "Ouve lá, se tu até sabes a matéria, porque é que não pedes ao professor que te deixe fazer o teste amanhã, com a turma da manhã?"
Bem dito, bem feito - e o senhor foi mais que compreensivo, Deus o guarde.
Hoje, 09 da matina, lá estava eu de novo. E sabem que mais? Com toda a carga subjectiva que apenas os estudantes sabem que estas afirmações têm, aquilo até nem correu muito mal.
Uma angústia me fica, no entanto: onde é que a puta da matéria se meteu ontem? E de onde é que ela saiu hoje?