segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Escolhas

Passei o fim de semana a estudar para um teste de Ciência Política e Direito Constitucional com que hoje fui brindado.
Ontem, no fim de um intervalo para jantar em que aproveitei para ver os minutos finais do Sporting, apareceu-me o meu "Janeca" a dizer, todo empolgado: "Papá, jogas comigo um jogo de Xadrez?"
Lá lhe expliquei como pude que o teste de hoje era muito importante, que estava sem tempo para estudar, que amanhã (hoje) tinha que ir trabalhar, etc., etc., etc. E o João compreendeu - ou tentou compreender - e ía a sair cabisbaixo quando o voltei a chamar para tentar reforçar os meus argumentos. E voltando ao pé de mim, passou-me os braços à volta do pescoço, mostrou-se uma vez mais compreensivo, e encostou a cabeça ao meu ombro evitando olhar-me e revelar a lágrima que sei lhe corria pelo rosto. E sempre a dizer que entendia, com aquele jeito doce e meigo que quem o conhece sabe.
E perante isto, é lógico que mandei o estudo dar uma volta até próxima oportunidade, que é como quem diz, até que eu e o João fizéssemos um, dois, três, ou os jogos de Xadrez que fossem necessários para eu dar ao meu filho um pouco do tempo que lhe neguei durante todo o fim de semana.
Agora, depois do teste que motivou este episódio, volto-me a perguntar - como me perguntei ontem - se vale a pena. Volto a questionar as prioridades a que devo atender. Volto a pensar se, agora, com trinta e onze anos, vale a pena investir em formação quando a contrapartida é abrir mão daquilo que me motiva a cada dia, sabendo que cada dia que passa é menos um para gozar o que de mais importante tenho, neste momento, na minha vida: os meus filhos!
Deu-me hoje para o sentimento, mas, acreditem, não é fácil lidar com aquela lágrima resignada que vi correr no rosto do João. De uma coisa podem ter a certeza: quando achar que chegou o momento de dizer "Agora tens que optar!", não tenho a menor dúvida do sentido da decisão.
Estes putos são demasiado importantes para mim, e os tempos perdidos são irrecuperáveis. Poderão vir outros igualmente bons, mas os passados não se repetem!

5 comentários:

W. V. D. disse...

eu não tenho dúvidas de qual será a tua opção apesar de achar que fazes bem em estar a estudar novamente ( um pouco louco mas).
Entretanto compra-lhe um nintendo ou uma psp.
:)

Anónimo disse...

"Para falar ao vento bastam quatro palavras; para falar ao coração são necessárias obras".
Já o disse um dia o padre António Vieira e é bem verdade. Ainda que por vezes este caminho tenha algumas curvas e contracurvas se as bases que sustentam o teu quadrado forem sólidas jamais a obra se desmorenará, ou seja, se o pouco tempo que tens com eles fôr bem aproveitado vais ver que tudo valerá a pena.
Osmosephilosofica@sapo.pt

Tiago disse...

Direito constitucional, nunca mais!

Anónimo disse...

Nada na vida acontece em vão
Portanto, estuda constitucional que é uma cadeira fulcral
Dá atenção ao João
porque o xadrez também é estrutural
FF

Anónimo disse...

Sei bem o que isso é!! Quando temos qualquer coisa que julgamos importante para fazer e depois vem a pequena Beatriz pedir para brincar com ela....
Claro que outras tarefas ficam para amanhã, ou depois, ou depois...
Um Grande Abraço
Cordeiro